2.08.2007

"A Guerra"



"Os portugueses foram buscar o termo guerra às invasões germânicas, de suevos, godos, ostrogodos e vândalos (estes últimos de tão má memória que ainda hoje as gentes do Minho num delicioso falejar chamam a um sujeito mal comportado de gândulo.

A longa (e embora imposta) pax romana quase fizera esquecer o termo latino para a guerra: bellum, e, que só viria a reaparecer, mas por via erudita, no Renascimento, com as armas bélicas, os povos belicistas,
os homens belicosos.

A guerra era , pois, o germânico werra (o dabliu deve ler-se gue).
Fazia-se, na Idade Média pelos métodos do fossado ou da razia, raras vezes pela batalha em campo aberto.



Um fossado , de que tantas vezes falam as cantigas de amigo, esse era latino: o fossatum, um lugar consolidado com trincheiras, (uma fossa) assim qualquer coisa como a muito impropriamente denominada Cava de Viriato, nas vizinhanças de Viseu.

Enquanto o fossado desapareceu da terminologia dos nossos tempos, (a não ser que volte para dizermos que estamos na fossa...) a razia é um termo comum: vai dos feitos futebolísticos às aventuras do rapazio, até às consequências dos actos dos amigos do alheio.
Contudo só os ladrões estão etimologicamente correctos.

Razia (aliás razzia) é palavra árabe que significa inesperado ataque nocturno, como, por exemplo, fez Afonso Henriques em Santarém.
Com o andar dos tempos, as consequências do acto acabaram de lhe roubar o significado.

Burgos, nome de cidade espanhola, e trégua mantiveram-se
na Península como derivados de werra, a atestar a colonização suévica,
e Leão corresponde ao étimo de legião (a VII que esteve por ali estacionada por longo tempo, antes de ocupar o norte de Portugal).

Da guerra com os árabes, ficaram-nos inúmeras palavras.
Um almirante (a que a Idade Média proferia almiral) é um al-mir mouro e um alferes teria sido um alferico.
Mais pacificamente, um açoute (azzaut) não passava de uma simples bofetada entre os nossos vizinhos do norte de África."



Exemplo de Castelo em paliçada Séc XII


fossado
adjectivo
1. cavado como um fosso;
substantivo masculino
1.cova de profundidade variável (fosso) aberta à volta de fortificações para servir
de defesa, , conforme o tipo de preenchimento pode ser seca ou molhada.;
2.HISTÓRIA serviço militar medieval cuja prestação respeitava normas estabelecidas pelo foral ou pelo costume da terra;
3.HISTÓRIA incursão ou investida militar sobre território inimigo, na Idade Média;
(Part. pass. de fossar)

Fontes:
"A Guerra", de Roby Amorim
em "Elucidário de Conhecimentos quase Inúteis"
Ed. Salamandra / 1985
Dicionário, www.infopedia.pt

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