2.28.2008

"A Mulher"

"Viana do Alentejo promove um concurso de poesia com o tema
"A Mulher" destinado a alunos do 10º, 11º e 12º ano
das Escolas do Concelho. O objectivo do concurso é o de fomentar
o gosto pela poesia e escolher um poema para o dia da mulher.

Os poemas devem ser entregues até ao dia 29 deste mês"...

@: Rádio Nova Antena












2.27.2008

Retábulo da Sé de Évora no MNAA



Virgem em Glória, Políptico da Sé de Évora, 1490-1500

"O retábulo de pintura flamenga do século XV da Sé de Évora
será exposto quarta-feira pela primeira vez em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga, depois de um profundo estudo artístico e restauro dos 19 quadros.

«Olhar de Perto - Os Primitivos Flamengos do Museu de Évora», primeira exposição da programação do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), apresentada hoje aos jornalistas pelo novo director, Paulo Henriques, e por outros elementos da equipa do projecto, mostra o retábulo completo da Sé de Évora pintado em Bruges no século XV.





Esta exposição irá estar patente no museu a par de mais duas mostras que o director considerou interessantes «numa estratégia de divulgar
ao público outras peças da colecção» do MNAA, contemporâneas
do retábulo de Évora."...

"...este primeiro ciclo de exposições decorrerá até ao princípio de Maio com aquele conjunto de pintura flamenga proveniente do Museu
de Évora (até 20 de Abril), a mostra «Objectos de Culto/Têxteis
e Ourivesaria da 1ª Metade do século XVI», e ainda «Cenas da Vida Mariana - Gravuras a partir de Albrecht Dürer» (ambas até 04 de Maio)."

@: Diário Digital, Museu de Évora, MNAA

2.23.2008

Incompetência, corrupção
ou desígnio cultural?



"Sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional."...

"Nem todas as causas desse sentimento são exclusivamente portuguesas, na medida em que reflectem tendências culturais
do espaço civilizacional em que nos inserimos.
Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias"...

"Ao nível político, tem-se acentuado a degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários, praticamente generalizada
a todo o espectro político."...

"É uma situação preocupante para quem acredita que a democracia representativa é o regime que melhor assegura o bem comum
de sociedades desenvolvidas."...

"É por isso preocupante ver o afunilamento da qualidade dos partidos, seja pela dificuldade em atrair e reter os cidadãos mais qualificados, seja por critérios de selecção, cada vez mais favoráveis à gestão
de interesses do que à promoção da qualidade cívica."...

"Outro factor de degradação da qualidade da vida política é o resultado da combinação de alguma comunicação social sensacionalista
com uma justiça ineficaz. E a sensação de que a justiça também funciona
por vezes subordinada a agendas políticas."...

"o Estado tem uma presença asfixiante sobre toda a sociedade, a ponto de não ser exagero considerar que é cada vez mais estreito o espaço deixado verdadeiramente livre para a iniciativa privada.
Além disso, demite-se muitas vezes do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados,
que deixam em muitos um perigoso rasto de desconfiança."...

"Num ambiente de relativismo moral, é frequentemente promovida
a confusão entre o que a lei não proíbe explicitamente e o que
é eticamente aceitável"...

"é precisamente na penumbra do que a lei não prevê explicitamente
que proliferam comportamentos contrários ao interesse da sociedade
e ao bem comum"...

"A criminalidade violenta progride e cresce o sentimento
de insegurança entre os cidadãos.
Se é certo que Portugal ainda é um país relativamente seguro,
apesar da facilidade de circulação no espaço europeu facilitar
a importação da criminalidade organizada.
Mas a crescente ousadia dos criminosos transmite o sentimento
de que a impune experimentação vai consolidando saber e experiência
na escala da violência."...


"O mal-estar e a degradação da confiança, a espiral descendente
em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento. E se essa espiral descendente continuar, emergirá, mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever."...

"Em geral o Estado, a esfera formal onde se forma a decisão e se gerem os negócios do país, tem de abrir urgentemente canais para escutar
a sociedade civil e os cidadãos em geral. Deve fazê-lo de forma clara, transparente e, sobretudo, escrutinável. Os portugueses têm de poder entender as razões que presidem à formação das políticas públicas
que lhes dizem respeito."...

@: SEDES , Alcaçovas
Recebido em: vianadoalentejo@hotmail.com

2.05.2008

A falta de vergonha



O general que dirige o Observatório de Segurança
alerta para a chegada de uma explosão social
e para a ocorrência de movimentos de cidadãos insatisfeitos

Garcia Leandro
"O modo como se tem desenvolvido a vida das grandes empresas, nomeadamente da banca e dos seguros, envolvendo BCP
e Banco de Portugal, incluindo as remunerações dos seus administradores e respectivas mordomias, transformou-se num escândalo nacional, criando a repulsa generalizada.

É consensual que o país precisa de grandes reformas e tal esforço
deve ser reconhecido a este Governo (mesmo com os erros e exageros
que têm acontecido). Alguém tinha de o fazer e este Governo arregaçou
as mangas para algo que já deveria ter ocorrido há muito tempo.
Mas não tocou nestes grandes beneficiários que envergonham
a democracia, com a agravante de se pedirem sacrifícios à generalidade da população que já vive com muitas dificuldades.

O excesso de benefícios daqueles administradores já levou
a que o próprio Presidente da República tivesse sentido a obrigação
de intervir publicamente. Mas tudo continua na mesma;
a promiscuidade entre o poder político e o económico é um facto
e feito com total despudor.

Uma recente sondagem Gallup a nível mundial, e também em Portugal, mostra a falta de confiança que existe nos responsáveis políticos deste regime.

Tenho 47 anos de serviço ao Estado, nas mais diferentes funções
de grande responsabilidade, sei como se pode governar com sentido
de serviço público, sem qualquer vantagem pessoal, e sei qual é a minha pensão de aposentação publicada em D.R.

Se sinto a revolta crescente daqueles que comigo contactam, eu próprio começo a sentir que a minha capacidade de resistência psicológica a tanta desvergonha, mantendo sempre uma posição institucional e de confiança no sistema que a III República instaurou, vai enfraquecendo todos os dias.

Já fui convidado para encabeçar um movimento de indignação contra este estado de coisas e tenho resistido.

Mas a explosão social está a chegar. Vão ocorrer movimentos
de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa.

É óbvio que não será pela acção militar que tal acontecerá, não só porque não resolveria o problema mas também porque
o enquadramento da UE não o aceitaria; não haverá mais cardeais
e generais para resolver este tipo de questões. Isso é um passado enterrado. Tem de ser o próprio sistema político e social a tomar
as medidas correctivas para diminuir os crescentes focos de indignação
e revolta.

Os sintomas são iguais aos que aconteceram no final da Monarquia
e da I República, sendo bom que os responsáveis não olhem para o lado, já que, quando as grandes explosões sociais acontecem, ninguém sabe como acabam. E as más experiências de Portugal devem ser uma vacina para evitar erros semelhantes na actualidade.

É espantosa a reacção ofendida dos responsáveis políticos quando alguém denuncia a corrupção, sendo evidente que deve ser provada;
e se olhassem para dentro dos partidos e começassem a fazer
a separação entre o trigo e o joio? Seria um bom princípio!

Corrija-se o que está errado, as mordomias e as injustiças,
e a tranquilidade voltará, porque o povo compreende os sacrifícios
se forem distribuídos por todos."

@: Expresso 02/02/08, pág 52 - Editorial&Opinião

Separar o trigo do joio



Ao contrário de alguma argumentação,
a introdução de transparência na vida pública
não coloca a todos sobre suspeição

António José Seguro

A corrupção regressou à agenda pública. E regressou, deixemo-nos
de hipocrisias, porque a corrupção existe. O Presidente da República
já por quatro vezes alertou para a necessidade de a combater,
o Parlamento analisa, desde Fevereiro de 2006, várias iniciativas legislativas sobre a matéria e o Governo anunciou a criação, no interior da PJ, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção.

A corrupção existe. É um problema sério e transversal aos diversos sectores da sociedade portuguesa. No último «ranking» de corrupção internacional da International Transparency, calculado através da recolha de opiniões de analistas e de empresários sobre a percepção
da corrupção no sector público, Portugal consta da lista e tem à sua frente 25 países com menor índice de corrupção.

Segundo estudos da mesma organização internacional, recentemente conhecidos, os cidadãos colocam os políticos no topo da corrupção
e os portugueses não fogem à regra.
Esta percepção alicerça-se no conhecimento de casos reais, alguns com um elevado grau de divulgação mediática, que rapidamente são objecto de generalização a todos os que desempenham cargos políticos.
Ora, esta generalização é errada, porque em todos os sectores
há pessoas que agem de acordo com a lei e outras que o não fazem,
e ao meter-se tudo no mesmo saco, acaba-se por enlamear os honestos e proteger os corruptos.

Por outro lado, os poucos resultados produzidos, designadamente
na recolha da prova, consolidam o sentimento latente na sociedade portuguesa de que os ‘poderosos’ se protegem e de que existe uma certa impunidade.

Estas realidades minam a confiança dos cidadãos nos políticos
e corroem os alicerces do Estado de Direito Democrático.
A situação é grave e tem vindo a alastrar-se. É dever dos democratas combater esta podridão e afastar a nuvem de suspeição que paira sobre a actividade pública. Com seriedade e sem receios.

Desde logo, dando o exemplo, com a afirmação da disponibilidade para a explicação da origem do respectivo património. Depois, pela adopção de boas leis, da afectação de recursos adequados à investigação
e pela introdução de maior transparência na prática de actos públicos.

Insisto na necessidade de maior transparência porque só esta permite um maior controlo da gestão dos recursos e da prática de actos públicos e, consequentemente, acarreta uma maior responsabilização individual. A cada cêntimo, de dinheiros públicos, gasto deverá corresponder
a publicitação, para o exterior do sistema institucional, da forma como foi utilizado. O mesmo critério deverá ser aplicado, por exemplo, para as razões que fundamentam o pagamento de trabalhos a mais nas obras públicas, bem como para alguns processos administrativos, designadamente no sector urbanístico.

Ao contrário de alguma argumentação, a introdução de transparência na vida pública não coloca a todos sobre suspeição. Bem pelo contrário, a transparência elimina a suspeição sobre os honestos,
reforça a confiança no Estado de Direito Democrático e diminui o risco
da corrupção.

E a diminuição da corrupção liberta os dinheiros públicos para serem utilizados nas políticas públicas de saúde, de emprego e de educação.

@: Expresso 02/02/08