Armando Correia nasceu a 7 de Novembro de 1936, nas Caldas da Rainha. Seu pai, Avelino Correia, devia o seu nome ao facto de ser sobrinho e afilhado de Avelino Belo, grande ceramista caldense, discípulo de Bordalo Pinheiro. Foi no mais característico meio cerâmico caldense que Armando Correia nasceu, tal como foi cercado da azáfama que envolve o barro que percorreu a infância e a adolescência.
A sua iniciação na cerâmica, como era próprio de quem vivia ligado às empresas de carácter familiar existentes nas Caldas, fez-se desde muito cedo. A escola servia de complemento a uma aprendizagem profissional de carácter empírico e familiar.
Era uma aprendizagem única, gradual, quotidiana: uma aprendizagem feita de experiências de envolvimento afectivo inigualável. Era a criança que observava o cuidado posto pelo pai na pintura metódica e precisa das tradicionais peças decorativas da louça das Caldas. Era a criança que contactava com o grande apuro técnico de quem tem que aplicar o vidrado de chumbo a pincel em pequenas superfícies, deixando entre elas o sulco necessário ao seu natural escorrimento durante a cozedura. Era, afinal, o olhar maravilhado da criança que se espanta com a estranha alquimia que, pela magia do fogo, fazia surgir das peças pardas e cinzentas acabadas de pintar, as mais belas, intensas e variadas cores.
O valor inestimável de uma aprendizagem como esta revelar-se-á ao longo de todo o percurso artístico de Armando Correia, estando bem patente na sua obra a herança de quem nasceu no barro e o barro se habituou a amar.
Ingressou em 1951 na Escola Técnica das Caldas da Rainha, actual Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, onde completou em 1955 o curso de técnico de cerâmica. Desta frequência guarda Armando Correia gratas lembranças, destacando de entre os professores que mais profundamente o marcaram, nomes como os de David de Sousa, Jorge Vieira, Melo Júnior, Celestino Tocha e Macário Dinis.
Curiosamente, o seu primeiro emprego, quando terminado o curso, não foi na cerâmica mas na nascente indústria do plástico, na Marinha Grande.
Uma vez cumprido o serviço militar (1957), Armando Correia fixou-se no Alentejo, onde viveu dez anos, dedicando-se ao ensino na Escola Técnica de Viana do Alentejo.
Do Alentejo apreendeu um estado de alma, uma sabedoria difícil de percepcionar noutro lugar, a par de um grande gosto pela paisagem despida de artifícios e de uma profunda identificação e respeito pelas suas gentes, sempre presentes nas conversas com que saudosamente recorda esses tempos. Suponho que se tornou um pouco alentejano também [...]
@: Gazeta das Caldas
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