10.17.2005

Autarquias/Democracias

"Nestas coisas das eleições autárquicas, dificilmente se poderá falar
de democracia. O actual modelo não se adapta à realidade dos tempos
que correm, sendo urgente a criação de novas soluções que fujam
à lógica clientelista.

À partida quem está no poder tem sempre a vantagem; inaugurações criteriosamente marcadas para a altura das eleições, jantares
com reformados, passeios de autocarro, etc. Tudo isso é campanha eleitoral, tudo isso é pouco democrático já que é pago por todos nós.

Depois, sendo as câmaras municipais a maior entidade patronal
das nossas comunidades temos as centenas de funcionários, caras metades, filhos maiores, tios, avós, etc. que constituem logo uma base eleitoral muito jeitosinha e pouco interessada em grandes mudanças
ou reformas.


A seguir, temos as colectividades e associações das quais os senhores vereadores são muitas vezes presidentes, secretários, tesoureiros.
Todas têm de ter a sua sede, ou pelo menos a promessa de a virem a ter, todas têm de ter o seu subsídio anual. A gestão destes anseios cria fortes laços de dependência que naturalmente beneficiam quem
já se encontra no trono.

Por outro lado, uma parte da comunidade prefere este tipo de gestão.
É o deixa andar, o faz de conta que não estou a ver. Entre uma situação permissiva para a maioria (mas não para todos), ou uma situação
de firmeza na aplicação das leis (em que as normas são para todos), prefere-se a primeira, mesmo que com isso se esteja a hipotecar o futuro da sua comunidade.

Se somarmos a tudo isto a tendência do português para o
conservadorismo e imobilidade, em conjunto com a inoperância
dos políticos da oposição, é de admirar que a maior parte
dos Presidentes reeleitos deste País não o tenham sido
com a totalidade dos votos.

Mas uma nova realidade se avizinha, estamos a entrar em 4 anos
de vacas magras, e se continuarmos a viver dos balões de oxigénio
do dinheiro que nos é "doado" pela câmara padroeira, sem desenvolver
as potêncialidades verdadeiramente produtivas da nossa terra (turismo, indústria, agricultura, oficios), quando acordar-mos estaremos ainda mais pobres e mais dependentes.

Como é que estes senhores irão gerir este novo cenário?
Quando o dinheiro do cimento e da administração central se acabar, será que estes senhores ainda viverão entre nós, ou irão usufruir
das suas chorudas reformas para outras bandas, fugindo ao caos
que pariram?

Neste momento estamos de olhos postos no trabalho que a lista
de independentes de Alvito irá desenvolver. Para o bem ou para o mal será uma experiência interessante de seguir e com a qual muito se poderá aprender." sic

Zé da Burra
recebido em: vianadoalentejo@hotmail.com

4 comentários:

Anónimo disse...

Para se escrever a história desta vila nos últimos anos tem que primeiro se deslindar a teia do poder. Era curioso estabelecer a rede de ligações entre funcionários da Câmara, presidentes das associações, eleitos pelo Partido Comunista ...

Anónimo disse...

Esperemos que esses mandatários nos dêem um bom exemplo de cidadania participativa, por oposição à partidarite vigente.
Tenhamos esperança numa gestão de delegados do povo e não de defensores de regalias de um funcionalismo público ineficaz e esclerosado. Sim, porque esgotada a classe operária e o campezinato, só lhes resta o funcionário público, que eles próprios geram e gerem, como clones de sí próprios.

Anónimo disse...

Tarefa difícil a do pessoal de Alvito. Vão ter contra eles não só a maralha dos clubes políticos lá da terra, mas também todos os profissionais dos partidos dos concelhos envolventes que os vêm como uma ameaça às suas coutadas, um inimigo a abater.
Para isso irão usar o cinismo e a hipócrisia própria dos políticos, dando palmadinhas e facadas conforme as conveniências, mas sempre com o intuito de os destruir.

Anónimo disse...

.........no comments............

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