4.24.2008

Romarias

O texto de Francisco Baião sobre a Romaria dos Cavalos a Viana
do Alentejo
, constitui uma boa pesquisa que ajuda a perceber
a legitimidade de criação de uma nova romaria e esclarece
acerca da facilidade da construção de mitos, neste caso baseados apenas na garantia de “antiga tradição”… fica provado, neste breve estudo, que nunca houve referência à Moita nem a uma romaria
deste local para Viana.

Importa perguntar se esta romaria se encontra registada como tradição genuína de Viana do Alentejo e qual a sua fundamentação histórica. Importa questionar acerca do interesse da implementação de romarias deste género, até porque foi criada ou recuperada uma tradição,
em 2007, com peregrinação semelhante, também de cavaleiros,
e que envolve Setúbal, Lisboa, Santarém, Leiria, em direcção a Fátima,
com a participação das autarquias de Vila Franca de Xira, Azambuja,
Valada do Ribatejo, Santarém, Pernes, Alcanena, Minde e Ourém.
Assim, poderá relacionar-se esta celebração, em Viana, com outras romarias instituídas pela Igreja. Coloca-se assim a questão de autenticidade ou do carácter genuíno da festa de Viana, especialmente nos seus detalhes, quando há uma memória brumosa da população relativamente a festividades deste género.

Sublinhem-se factos importantes de recuperação de antigos e perdidos sinais de religiosidade, assim como do entendimento de uma ruralidade, actualmente esbatida, e da desaparecida figura impositiva do cavaleiro alentejano desta zona, numa tentativa de recuperação de alguns valores tradicionais.



SIC em 26.04.06



Também a imagem de santa protectora dos animais,
nunca aplicável à Virgem,
transmite uma ambiguidade de género, categoria e classificação,
de carácter teológico, não muito favorável
às especificidades atribuídas à Senhora D’Ayres.

Do mesmo modo, e na mesma linha de valoração de antigas vivências, introduz-se a utilização de um meio de transporte tradicional –
- o cavalo, o ambiente de festividade das antigas romarias, a realização
das ancestrais missas campais, nos meses de Maio-Abril,
e uma revitalizada projecção do santuário como Igreja de peregrinação,
centro de um culto fervoroso, aceite desde o século XVI
e acentuadamente mariano e miraculoso, a partir do século XVIII.

Nesta mistura de tradições e festividades, importa alertar para uma sensibilização da população, no sentido de preservar alguns aspectos da sua identidade regional e fundamentar as suas origens como forma de conhecimento da sua própria História e tradições.

Maria de Aires Silveira
Lisboa, 24-04-2008

Recebido em: vianadoalentejo@hotmail.com

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