7.07.2008

Parceiros ou Inimigos?





Uma amiga minha que vive numa pequena aldeia colada à fronteira com Espanha, contou-me no outro dia que quando era mais nova, ela e um grupo de adolescentes começaram a organizar umas festas lá na terra para ocuparem os tempos de ócio. Pediam à Junta de Freguesia alguma ajuda: um reboque para fazer um palco, umas lonas para improvisar coberturas, taças para as competições, etc.

Com o andar dos anos as actividades foram aumentando, concursos de pesca, corridas, semana do emigrante, corsos de Carnaval, etc. Formaram uma associação sociocultural informal que animava de quando em vez a aldeia, com crescente adesão do povo local e estendendo a sua influência às povoações vizinhas.
Os anos continuaram a passar e a certa altura, já adultos e pais, começaram a sentir que a Junta de Freguesia lhes colocava cada vez mais entraves no apoio à realização das suas actividades.

Inesperadamente, nalguns dos eventos a realizar pela referida associação, veio a Junta dizer que passaria ela própria a tratar da sua organização por se julgar mais capaz, claro está, tudo isso no superior interesse da comunidade.

A associação, aos olhos da Junta, tinha-se tornado uma perigosa ameaça face ao protagonismo que passara a ter, pois o conjunto dos seus associados conseguia mobilizar para as actividades que incrementava, um maior número de pessoas que o somatório dos eleitores da Freguesia.

Passado mais algum tempo, o grupo sociocultural, paulatinamente esvaziado dos objectivos para os quais tinha sido criado, acaba praticamente por desaparecer, assim como as actividades que, politizadas pela Junta de Freguesia, perderam a aceitação da generalidade da população.







Um pouco há semelhança do que acabo de relatar, mas ainda mais perverso e “com final previamente anunciado”, também a Associação Viananima desenvolvia na nossa Vila um meritório trabalho de animação com crianças e adolescentes. A certa altura, esta associação por força do seu crescimento, sentiu necessidade de arranjar outras instalações mais amplas, capazes de albergar um maior número de actividades e de frequentadores. Não tendo sido possível descobrir na vila instalações adequadas, solicitaram à Câmara o empréstimo das antigas instalações da escola primária da estação de caminho-de-ferro de Viana, o que lhes foi concedido.

Com a mudança de instalações a associação não durou mais que um ano, em termos de trabalho efectivo. Claro que nenhum pai deixou os seus filhos, crianças ou jovens adolescentes, deslocarem-se para tão longe, por mais interessantes que fossem as actividades aí desenvolvidas.

Mais recentemente, temos outra situação, neste caso trata-se da Associação Seara Nova, com um longo e reconhecido trabalho na sua área e que durante anos procurou instalações para se acolher. Após várias tentativas, os seus associados, acabaram por conseguir construir uma sede (com apoio da Câmara?) num terreno generosamente cedido pela Dª Maria José Fragoso, mas cuja localização está numa ponta da vila, afastada do casario e com acessos pouco seguros.
Pelas condicionantes atrás apontadas, acaba por exigir dos seus utentes que a deslocação até à sede do grupo Seara Nova se faça quase exclusivamente de carro, pelo que esta localização marginal inviabiliza o íntimo e fácil relacionamento com a comunidade, essencial para a sobrevivência deste tipo de associação.

Dentro desta linha de raciocínio refiro ainda a construção da sede da Associação de Reformados. De todas as associações a mais nova em termos de tempo de existência, teve no entanto a capacidade de desenvolver rapidamente o processo de construção da sua sede.
Mais uma vez os decisores deste projecto empurraram o equipamento para a periferia da vila, implantando-a num bairro novo, dormitório, habitado maioritariamente por jovens activos, funcionalmente deserto durante o dia. Padece também este local de graves problemas no que respeita às acessibilidades, especialmente no que toca ao atravessamento da Estrada Nacional e à inclinação dos arruamentos que o ligam ao centro da vila. A alternativa às “ladeiras” está na utilização da referida Estrada Nacional, com os perigos daí decorrentes para a faixa etária dos utilizadores deste tipo de equipamento. Os difíceis caminhos aliados à localização periférica da sede da Associação de Reformados torna bastante penosa a acessibilidade aos seus potenciais utilizadores, muitos dos quais com dificuldade de mobilidade.

A vila dispõe no seu interior de inúmeras construções devolutas e alguns “vazios” urbanos, certamente identificados no Plano Director Municipal.

Deixo aqui algumas sugestões para dois locais, (que obviamente teriam de ser negociados com os seus legítimos proprietários), que pela sua centralidade, na minha modesta opinião, reúnem excelentes condições para a instalação de equipamentos socioculturais.

O primeiro é o terreno situado ao lado do cineteatro. Aí seria possível construir em cave, um estacionamento de apoio à zona, a biblioteca e uma zona de acesso/apoio ao palco do cineteatro.






O segundo terreno é o do campo de jogos da escola primária, conhecida como a escola das raparigas. Após escavação construir-se-ia aí, ao nível do arruamento sobranceiro à rua, um amplo parque de estacionamento, sobre o qual se implantariam dois pisos com vários espaços autónomos, para três ou quatro associações socioculturais. Na cobertura desta construção, ao nível da rua da escola, seria implantado o recreio e campo de jogos – toda a gente ganharia.

Estando em sede de revisão o Plano Director Municipal e, sendo um instrumento de planeamento “que estabelece o modelo de estrutura espacial do território municipal, constituindo uma síntese da estratégia de desenvolvimento e ordenamento local prosseguida … “, deverá também como a própria Lei determina, definir as grandes linhas estratégicas de desenvolvimento do concelho.
Se a linha seguida pelo executivo camarário for a de minorar essa revisão, o futuro PDM sancionará há semelhança do PDM vigente, somente os actos de gestão urbanística realizados, aparentemente de forma avulsa incoerente, tal como se tem passado nos últimos anos.

Será assim que se vai passar?
Inventará justificações para novas urbanizações e mais quintinhas, a pretexto de virtuais indicadores de desenvolvimento?
Finalmente, servirá todo o Concelho ou apenas meia dúzia de interesses?

Depois de nos terem levado as hortas, as pedreiras, os Vasques Fadistas a Fratejo, o Lagar a Cooperativa, enfim, de nos terem transformado em mão-de-obra a recibo verde (às vezes nem isso), passará o futuro de Viana por ser apenas mais um bairro de Évora?
Sinceramente, não queremos!

António Meneses
cegagatos@hotmail.com

Recebido em: vianadoalentejo@hotmail.com

24 comentários:

Anónimo disse...

E o que vão fazer ao antigo campo de futebol do Jardim do Rossio? Aquilo agora é um belo de um descampado...

Anónimo disse...

Certas mentes, muitas delas com grande responsabilidade nos desígnios do nosso conce-lho, reprovam a crítica de alguns blogues da terra por não apresentarem propostas de solução para as inúmeras carências sentidas por toda a gente.
Concordando, em parte, com essa opinião, também é verdade que uma crítica honesta e construtiva, contribui certamente para solucionar alguns dos problemas sentidos pela comunidade.
Para suportar esta minha convicção vou descrever com alguns pequenos exemplos em como as proclamadas críticas são afinal verdadeiras propostas de solução:
1. Quando criticamos que a rua A ou a rua B já devia ter sido pavimentada, não estamos a contribuir para a solução desse problema? Ou os anti-críticos queriam que ninguém se manifestasse e quanto muito admitiriam que fossem os cidadãos a realizar as obras que estão a cargo da autarquia?
2. Ao criticarmos que não é levado ao conhecimento público, nomeadamente no site da Câmara, as agendas de trabalho das reuniões da Assembleia Municipal e nem sequer as respectivas actas emanadas por este Órgão, não estamos a fazer uma proposta no sentido de serem publicitados esses documentos por quem de direito?
3. Quando criticamos que nas decisões mais importantes para o concelho, designadamente no que concerne à planificação das linhas mestras de desenvolvimento, pouca ou nenhum envolvimento da comunidade é promovido, igualmente não estamos a sugerir que a colectividade deva ser chamada a participar?
4. Ao criticarmos os grandes investimentos efectuados pela Câmara, sem discussão com os respectivos munícipes, não estamos a apresentar uma solução no sentido de serem previamente publicitados essas intenções de investimento para que todos possamos contribuir para um resultado mais assertivo?

Quando atacam alguns blogues do concelho, tentando silenciar algumas vozes, então dêem uma olhadela ao “Mais Évora”, cuja paternidade é de elementos da CDU.
Ao pé deles somos autênticos bebés de coro!

http://maisevora.blogspot.com/

Como refere Mário Soares, “A democracia é o regime no qual ninguém está acima da crítica. Muitas vezes, melhor do que longos discursos, argumentações cuidadas e raciocínios sofisticados, é com meia-dúzia de traços e uma frase curta, certeira, acertada, inteligente que se desafiam poderes, denunciam situações, de injustiça ou de ridículo, e se diz que "o rei vai nu"”.

José Luís Potes Pacheco

Anónimo disse...

Promover o associativismo neste concelho penso que devia ser uma prioridade da Câmara. Incentivar à participação das pessoas... como se vem verificando noutros concelhos.
No entanto á associações que só existem por existir... nesses casos devia-se trabalhar com objectivos e os subsidios autarquicos só seriam atribuidos consoante o desempenho e participação activa dessas associações tanto ao nivel de desenvolvimento local como ao nivel da qualidade cultural de projectos a apresentar.
Já agora quero enaltecer a Casa do Benfica de Viana do Alentejo pelo excelente trabalho apresentado ao nivel da Secção de Dança... quem não acredita devia ter visto o espectáculo no Domingo... foi excelente.

Ass. O SENSATO

Anónimo disse...

o texto de parceiros e inimigos está porreiro pá!!! sabem porquê? os que passam a ver inimigos em todo o lado até da sombra começam a ter medo, são sintomas de prepotencia mas como em tudo na vida acabam por morrer ás suas próprias mãos. Mas quando alguns veem parceiros é preciso explicitar, por exemplo ser pareceiro é fazer o que a secretária do Presidente anda a fazer a colocar pessoas contra pessoas, a fazer contactos a dizer isto é para defendermos o Presidente? Defender de quem, com que interesses e objectivos estes contactos são feitos? Ser pareceiro é dois eleitos da AM andarem a comprar terrenos á pressa para se prepararem em relação á revisão do PDM, quem lhes dá cobertura? Todos sabem que é crime agir por terem informação previligiada e usá-la em proveito próprio.Estou de acordo na minha terra existem alguns pareceiros que gravitam em volta da Câmara e assim se vão amanhando, para que amanhã quando já não exista mais nada para alguns ganharem dinheiro, Viana virá a ser um dormitório de Èvora, isso não OBRIGADA.

Anónimo disse...

Bom Tarde

Gostei de ler este extenso post e bem elaborado.
Aproveito este post de construções mal localizadas geograficamente para perguntar qual o motivo da construção do passeio ao lado do Bar do SCVA? Algumas pessoas disseram que esse passeio seria para as crianças circularem quando efectuam o trajecto das Piscinas Municipais mas o que me foi dito é que irá ser construído ali qualquer coisa. Qualquer coisa como um parque equivalente ao Parque do Altinho. Pensei que isso seria um absurdo pois a “meia dúzia” de metros está o Circuito de Manutenção que tem condições para desempenhar esse papel. Mas como os trabalhadores que lá trabalham são da câmara gostaria de saber quais são os projectos que a câmara tem para aquele terreno pois caso a informação que me deram seja verdade (e espero que seja mentira) isto é literalmente atirar dinheiro para a rua.
Se alguém poder responder eu agradeço.

*Jovem Eleitor*

Anónimo disse...

Relativamente a
"E o que vão fazer ao antigo campo de futebol do Jardim do Rossio? Aquilo agora é um belo de um descampado..."

Continuava o jardim. A pior solução será a de continuarem a construir naquela zona, obstruindo o alçado do convento. Se o lar necessitar de continuar a crescer naquele local, sugiro que para tal comprem o convento. Assim como assim a aquisição e obras são pagas com o nosso dinheiro!

Anónimo disse...

Esqueci-me...

António Meneses
cegagatos@hotmail.com

Anónimo disse...

Pois, realmente tinha-me esquecido do alçado do Convento. Porque será? Agrada-me a ideia do jardim continuar mas se assim é deveria ser simples requalificar aquela área. Com o tempo que já passou desde o desmantelamento do ringue cheira-me que não deve ser essa a ideia...

Anónimo disse...

Há cerca de vinte e tal anos a Câmara autorizou a escola a construir um pavilhão provisório numa parte do jardim, na altura desanexada para o efeito. A posterior construção do lar tomou essa parte "emprestada" como sua, mas tudo bem, os fins talvez o justificassem. A zona do antigo ringue deverá ser integrada no jardim, ajardinada, pois qualquer outra solução porá em risco a "leitura" do convento. A não ser que o objectivo seja ir "escondendo" o mesmo, para depois e mais facilmente se poder entregá-lo à voragem dos "cavaleiros do betão".

Marai de Aires

Anónimo disse...

Nas outras terras os habitantes unem-se, nesta desgraça de porcaria de vila, separam-se,porra.

Anónimo disse...

vai viver para outro local.

Anónimo disse...

Há terras que valem a pena!! mas só Faz falta quem está...

Anónimo disse...

Mas que raio de conversa, temos toda o direito de querer melhor, vamos lá a conjugar esforços para isso, começando pelas pequenas coisas do dia a dia.

Anónimo disse...

Essa do "vai viver para outro local", está porreira pá!
Ou seja, quem não está bem mude-se. Semelhante também ao patrão que diz para o empregado: toma lá o ordenado mínimo e se não estás satisfeito muda-te. O Salazar já apodreceu mas deixou por cá muitas raízes.

Anónimo disse...

Então acham que a afirmação " nesta desgraça de porcaria de vila", está correta ? pois eu não concordo nem gosto que digam isso, sou demasiado bairrista e nada Salazarista, para ver ou ouvir um qualquer descontente a ofender a minha terra, diga o que tem a dizer de quem a governa ou de quem tem responsabilidades no seu desenvolvimento mas não ofendam a população em geral, por esta não fazer algumas coisas que se calhar também não faz, ou por ter opniões diferentes das suas.

Anónimo disse...

Vai aprender a escrever, vai para a escola.

Anónimo disse...

Olha mais um Doutor.

Anónimo disse...

Quando a coisa não agrada ofendem os fregueses, para os mesmos se calarem... Tenham TINO :)

Anónimo disse...

ah pois é!

Anónimo disse...

Doutor não, voçês é que não são de cá e vêm aventar bocas pró pessoal da vila, já se esqueceram que moram cá há pouco mais de dez anos?
Vão para de onde vieram, ou foram ressabiados? A malta até vos conhece no vosso infímo núcleo, enfim, procuram-se uns aos outros.
Abraço

Anónimo disse...

Oh "Marai" és mesmo marai ou tás marada? Hás-de me dizer há quantos anos moras em Viana do Alentejo. Ou és daqueles que não fazem nada e só sabem falar mal dos outros? Vai-te esconder para a tua terrinha. Pelo que falas até pareces un tourist chegado de novo á estação de Vila Nova a perguntar onde é o rossio de Viana, olha para o que te passa ao pé de casa que tens muito que dizer.

Anónimo disse...

Pessoal, tenham calma. O sol está muito quente e vocês embora avisados pelas campanhas de sensibilização, não estão a ter cuidado com tal. Depois de um dia de praia ou de piscina irem-se agarrar ao computador para dizerem asneiras que nada têm a ver com o post...
E vão dois.

Anónimo disse...

Yep mudem mas é de assunto, falem mas é das boazonas na praia, eheheh, do sol e do calor e das imperiais.

Anónimo disse...

Ai tantas e boas, e umas melhores que as outras. Há uma então, aquelas legs branquinhas, vai lá vai, até me passo...

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