5.28.2008

Poder Autárquico II

[...] "faço parte da maioria das cidadãs(ãos) que praticamente
se limitam a exercer o seu direito de voto de 4 em 4 anos.
Pelo menos, quando há eleições, vou lá colocar o meu boletim de voto, pois a abstenção sendo um direito que assiste a todos os eleitores
e tendo “os significados” que sabemos, ao atingir valores muito elevados, pode pôr em causa a legitimação do próprio sistema democrático.
Muitas pessoas expressam o seu voto pela negativa, não o fazem a favor do partido ou coligação que assinalam no boletim de voto.
Nesses casos esse comportamento traduz o sentimento de protesto,
de utilidade ou de oposição ao partido A ou B.

Sabemos que cada vez é mais difícil a PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS na reflexão sobre a gestão da coisa pública
fora dos partidos - a desilusão das pessoas é a regra.
“Temos assim, e de facto, não uma sociedade de cidadãos,
na sua totalidade, mas uma sociedade de muitos desinteressados pelo poder ou súbditos.
E a democracia sem cidadãos não existe como tal e plenamente em toda a sua horizontalidade mas apenas em certos sectores verticais
porque havendo cidadãos desinteressados ou que se dobram e prestam homenagem a outros, não são cidadãos mas súbditos.

É evidente que há muitos outros cidadãos, que mesmo sem alcançar posições de poder político, lutam pela sua cidadania, pela verdadeira iniciação ao SABER e não ao Poder.” *
É por isso que a maioria de nós aqui está neste pequeno espaço
de participação cívica, mas acredito que não é legítimo estarmos sempre
a falar na oposição com palavras como: eles não dizem, eles não fazem, onde é que eles estão etc. etc. Talvez seja mais justo empregar-mos
os verbos na primeira pessoa do plural: NÓS não dizemos,
NÓS não fazemos, onde é que NÒS estamos.

Não é preciso estar muito atento para saber que este poder autárquico, emanado duma amálgama de interesses que no nosso concelho
se designa por CDU, sem ideologia e sem rumo, desvirtuando o sentido
da palavra AUTOCRÍTICA, como sendo “o processo de análise crítica
de um indivíduo (ou, colectivamente, de uma sociedade ou instituição) sobre os seus próprios actos, considerando principalmente os erros
que eventualmente tenha cometido e suas perspectivas de correcção
e aprimoramento” ** , convive muito mal com a crítica dos Vianenses, mesmo quando ela pretende ser construtiva.
Para além de outras tácticas, num lógica totalitária, estrangula quanto pode a oposição política, relega também para segundo plano
a PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS NO GOVERNO DA AUTARQUIA, omite descaradamente o trabalho emanado pelos órgãos democraticamente eleitos.

A quase ausência de informação disponível no site da Câmara
com o atraso na publicação das respectivas actas, bem como a total omissão do trabalho realizado pela Assembleia Municipal são disso exemplo. O boletim municipal de papel caro, completamente esvaziado de substância, cujo conteúdo passa pela descrição de algumas festarolas e pouco mais, vai também desempenhando esse macabro papel.

Assim, quando alguns cidadãos retiram algumas horas
ao seu descanso, com a intenção de levar à discussão pública temas
do nosso quotidiano, o poder instituído e seus correligionários, fieis
ao paradigma do enterrado “centralismo democrático”, ignorantes
da dimensão do descontentamento que grassa no nosso concelho, COMEÇAM FINALMENTE A FICAR AGITADOS."

Carlota Fialho


* A Cidadania e a Ideologia de "Iniciação" ao Poder, ** Autocrítica
@: Viana e Tal/ Poder Autárquico/ Comentários
ler+@: Cidade Agar, A Fonte das Freiras, Um dia perfeito para os peixes banana

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